quarta-feira, 15 de abril de 2015

Opressão Tácita


Resultado de imagem para imagem de liberdade

Li agora um texto bem interessante sobre as relações conjugais aparentes. Aquelas em que as pessoas amoldam-se para não romper um pacto de convivência e/ou conveniência.
O texto era um diálogo de alguém queixoso e um interlocutor atento. O queixoso dizia sentir saudade da pessoa que era, há anos, antes do enlace. Dizia-se alguém apaixonado por arte e pela vida e que havia se tornado um pai de família, provedor e uma composição apenas. Compunha hoje o cenário de uma família "feliz", mas em cuja essência não havia mais a sua essência. Apenas ocupava o espaço predefinido no contrato. Inclusive fez menção ao desencanto sexual e afirmou ser o erotismo o único elo que o unia a sua esposa. De forma que tendo sido extinto esse elo, não havia nenhuma outra ligação, exceto a manutenção do acordo de convivência, cujo contrato se negava a romper por causa dos filhos, alegando não querer deixá-los sob influência da mãe.
O interlocutor por sua vez, conhecedor do cônjuge a quem ele se referia, o fez rever sua condição de oprimido e anulado, não por culpa do outro, mas por sua escolha. Fê-lo perceber que a vida possui matizes acessíveis a todos, contudo alguns se apropriam, outros não. O fez refletir sobre aquilo que ele traduzia por influência da mãe sobre os filhos, aduzindo que não era simplesmente influência e sim impressão de personalidade visto que o cônjuge, apesar de ser afeto ao supérfluo, era autêntico e em sua relação com os filhos, lhes deixava ver sua essência. Ao passo que ele foi sumindo enquanto ser, foi encolhendo, suprimindo-se. Talvez por isso, seus filhos não conseguissem vê-lo com suas cores, suas matizes, percebendo apenas a fantasia da qual apropriou-se.
Interessante esse diálogo porque vimos constantemente esses tipos de vínculos. Relações em que apenas um se sobressai, se mostra, se revela e por isso tendente a dominação, em contrapartida, o outro é subjugado. 
Sabemos que casamento é união de dois, manifestação de duas vontades, no que concerne ao aspecto formal. Todavia deveria sê-lo também no aspecto social, inter pessoal e sobretudo, afetivo.
A lição que extraí foi: nossa liberdade não pode ser alienada a ninguém. 
Finalizando, faço minhas as palavras de Thiago de Melo:
" Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso da dor, a partir deste instante, a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem". (Estatuto do Homem)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita. Deixe seu comentário, será um prazer interagir com você.